Com a pandemia da gripe suína, uma significativa parcela da população correu aos mercados e drogarias para comprar o álcool em gel, inclusive, encontrando certa dificuldade para adquirir a mercadoria. A orientação para a sua utilização veio por parte dos próprios organismos de saúde que viram no produto uma das melhores maneiras de se realizar a esterilização em prevenção à doença que já teria matado mais de mil pessoas por todo o país.
Mas nem todo tipo de álcool em gel possui eficácia no combate ao vírus causador da gripe A. A este respeito, o governo praticamente não tem se pronunciado com o objetivo de orientar melhor a população, de modo que as indústrias, mercados e drogarias aumentaram significativamente seus lucros (a demanda aumentou em mais de 300%), à custa da inocência e boa fé de cidadãos brasileiros, desesperados na tentativa de escapar da doença.
O problema é que, segundo especialistas, para o combate ao H1N1, não basta apenas tratar-se de álcool em gel. É necessário que o produto seja o resultado de uma composição de 70% de álcool com 30% de água. É o que explica o biólogo e professor Neysson Alvim Campos, pois, conforme orienta, a morte do microorganismo causador da gripe suína dá-se por um processo de intoxicação por absorção do álcool. Ocorre, porém, que o vírus possui uma membrana plasmática permeável a água e impermeável ao álcool. No caso, o álcool necessita dos 30% de água para formar uma mistura homogênea e penetrar no interior do microorganismo. Acontecendo isso, o vírus é intoxicado e é na tentativa de eliminar a toxidez que acontece o processo de desidratação, causando a sua eliminação.
Na explicação da bacharel em química Soneide Maria Silva Rios, não adianta o álcool em gel ser composto de maior ou menor percentual de álcool ou de água, contrariando a medida de 70%. No caso do percentual de álcool ser menor que 70, o produto encontrará dificuldade para combater e matar o microorganismo. Caso seja maior que 70, a quantidade de água, menor que 30, será insuficiente para transportar o álcool para o interior do vírus e realizar o processo de intoxicação.
Diante dessas explicações é importante ao consumidor ficar atento porque a maioria dos alcoóis em gel expostos nas prateleiras de mercados e drogarias não serve para o combate ao influenza A, justamente por apresentar maior ou menor percentual alcoólico. Esses normalmente são vendidos em embalagens semelhantes às de detergentes ou desinfetantes com preços que variam de 2,5 a 4 reais. O álcool em gel que verdadeiramente serve para esterilização, devido o crescimento da procura e a menor oferta, possui preço que pode variar de 12 a 20 reais. É importante saber que o gel não tem nenhuma responsabilidade na assepsia e combate ao vírus da gripe suína. Não significa também que o álcool em líquido não seja capaz de matar o microorganismo. Se sua composição for de 70%, poderá desempenhar o mesmo papel do álcool em gel. O fato é que o álcool em líquido não tem sido recomendado por conta dos riscos de incêndio.
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