O concurso Miss Brasil 2009 aconteceu sábado, dia 9 de maio, e não me entusiasmou em nada a vitória de Larissa Costa Silva de Oliveira, 25 anos, representante do estado do Rio Grande do Norte. Não que a moça não merecesse ter sido a escolhida, mas porque, de fato, todas as garotas que disputavam a coroa não me pareciam lá grande coisa. Imagino que elas não sejam, nem de longe, as mais belas de seus estados.
Com isso, meti-me numa reflexão. No interior dos estados ou no fundo das periferias brasileiras existem muitas meninas, cujos dotes desbancariam quaisquer das candidatas que estavam no concurso deste ano. O problema é que os promotores de eventos dessa natureza não se ocupam de fazer uma respeitável sondagem pelos bairros e cidades interioranas a fim de extraírem dali um melhor rosto, um mais belo corpo e de sobra elevar alguma pobre mortal a uma melhor posição social. Pelo contrário, em casos como esse, as oportunidades normalmente ficam restritas ao público burguês, em geral, radicado nos bairros nobres das capitais brasileiras.
A verdade é que as meninas de bairros pobres, mesmo as mais belas, não têm oportunidades. É raro o caso em que uma se dá bem na vida social. E, para piorar, uma grande parte delas tem servido apenas para saciar os desejos dos garotos da classe média ou alta. Estou falando daqueles rapazes que encostam de carrão nos aglomerados de jovens colegiais e a partir daí iniciam um suposto romance que, em geral, só termina em prática sexual e posterior abandono. E, no caso de uma dessas garotas achar-se grávida de algum playboy de uma esfera social mais elevada, ainda corre o risco de perder a vida. É o que, por exemplo, aconteceu com Juliene de Souza Guimarães, 26, vítima de um crime que, em fevereiro deste ano, sacudiu a pequena cidade de Piracanjuba, município que dista 80 quilômetros da capital goiana. Juliene, que supostamente teria concebido um filho a partir de sua relação com Marcos César de Oliveira Filho, um rapaz de 22 anos e cujo pai é um empresário e vice-prefeito da cidade, foi brutalmente assassinada e com ela seu filho Nicolas de apenas 8 meses. A vítima foi encontrada pela polícia na zona rural do município em uma cova improvisada de um metro e meio e tinha o filho no colo.
Esse crime serve de alerta para essas garotinhas das zonas periféricas das cidades brasileiras e que não podem ver um carro bacana aproximar e já se assanham toda. Não que eu seja um moralista. Mas é que acho que essas meninas precisam se precaver, a ponto de perceberem que esses jovens querem apenas gozar. Ainda mais agora, nesse ritmo do funk, quando a sensualidade e a grosseria se confundem num mesmo corpo e num mesmo lugar, quando tudo parece estar na normalidade, os assédios nem parecem ser assédios, as meninas tornam-se mais reféns das investidas dos garotos.
Aqui em Aparecida de Goiânia a coisa está acontecendo mais ou menos desse jeito. Os mocinhos das melhores praças aparecem com seus carrões e arrastam as meninas que até abandonam antigos namorados, amigos e literalmente caem na farra nas melhores casas de dança da região metropolitana. A partir daí é só alegria, festa e bebedeira. Isso vai até que a pobre aparece gestante e os camaradinhas desaparecem para outras freguesias. E pouco adianta as mães alertarem as filhas. Estamos vivendo uma era em que ninguém quer mais ouvir ninguém. Os filhos então, muito menos.
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